Opinión

Galinhas, galinheiros e normativas europeias

No conjunto de provérbios os exemplos mais freqüentes pertencem ao mundo animal e estám representados os dous grandes grupos, os Vertebrados (cam, corvo, galinha, gato, lebre, lobo, ovelha, porco, raposa, rato...) e os Invertebrados (abelha, caranguejo, escaravelho, formiga, mosca, pulga...). Cada animal apresenta determinadas caraterísticas, e no que diz respeito à “galinha” nas obras lexicográficas do século XVII, este vocábulo aplicado a umha mulher corresponderia a umha mulher que age publicamente sem freio ou moral, mas devido à misoginia da época, ainda vemos adágios deste teor: “onde está o galo, nom canta a galinha”; “triste da casa, onde a galinha canta”. O significado da palavra “galinheiro” é claro (o cercado onde se guardam as galinhas), porém em sentido coloquial seria o lugar onde se dam muitos gritos e vozes, achamos locuçons como “alvoroçar o galinheiro” (ser umha pessoa a causa de que outras pessoas se alvorotem, espetáculo notório e de muita atualidade nas Câmaras).

É certo que a Galiza mantém costumes, modos de vida, alimentaçom, autoconsumo... muito ancestrais, até o ponto de que um dos dados verificados e salientados é que a cifra de pessoas centenárias, nonagenárias e octogenárias é superior à de outros territórios. Outro facto singular é que os melhores produtos da horta, dos animais domésticos nom se vendem, oferecem-se como presente a familiares, vizinhos, amigos, pessoas de confiança... para reconhecer qualquer ajuda ou generosidade. Os galegos nunca esquecemos aquelas tostas de pam ressequido e duro, molhadas em leite e ovos da casa, frigidas no tijolo de ferro (na atualidade convertidas num produto “delicatéssem”), nem tampouco aquelas omeletes elaboradas com produtos caseiros. Foi assim como se alimentárom famílias, que tinham a fortuna de dispor de umhas galinhas e umha horta, que ajudavam a combater a fame, e que fôrom a base da economia tradicional galega durante muito tempo.

Contodo, nom é menos certo que as questons sanitárias devem ter umha prioridade, as exploraçons de aves podem ter até trinta unidades e parece lógico que tenham um controle sanitário, porque a transmissom de doenças é global. A Galiza fai parte da Uniom Europeia e deve adaptar-se às normativas europeias, com todo o que isso acarreta de papelada, burocracia... O que procede é que com a máxima urgência as Administraçons públicas estejam ao serviço dos cidadaos, que acrescentem com recursos económicos a Sanidade (mais profissionais, melhores equipamentos...), e eliminem tantas bagatelas estúpidas, limitadas a atos e açons sem relevância social.

*Professora catedrática de Universidade

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