A linguagem cansativa
A palavra “linguagem” ,‘qualquer meio sistemático de comunicaçom’, pode ser modificada por grupos iniciados com umha preposiçom (a linguagem das abelhas, das baleias, dos golfinhos...) ou com um adjetivo (a linguagem algorítmica, científica, infantil, jurídica, jurisprudencial, técnica...). O sufixo de origem latina –tivo/a ou –sivo/a é prolífico para formar adjetivos a partir de verbos que designam causa (cansativo, inclusivo, legislativo, paliativo, etc.): cansativo ‘que cansa’, inclusivo ‘que inclui’, legislativo ‘que legisla’, etc. Um princípio essencial reside em que usar umha língua histórica deve ser sempre um ato de liberdade plena, nom um ato de libertinagem. Este modelo implica evitar um protótipo de língua provocadora de canseira que, por reiterar unidades lexicais conhecidas pola experiência dos receptores, trava a comunicaçom fluída e impossibilita manter a coerência, circunstâncias que ocasionam aborrecimento, fadiga, tédio. A classe política parece viver num mundo irreal, na estratosfera, porque a maior parte das pessoas nom fala como os seus portavozes.
A liberdade é um direito fundamental nos Estados democráticos e de Direito, as normas nom devem impor-se pola força, nem tampouco devem ser utilizados postulados científicos contrários aos existentes nas línguas históricas, consagrados polo uso e obras de gramáticos desde a cultura greco-latina. Nengum ‘cargo eleitivo do poder político’ está legitimado para obrigar a falar mal, a usar fórmulas substitutivas, formas duplas, incorreçons gramaticais, ou equilíbrios absurdos do ponto de vista morfológico, sintático e lexical: por exemplo, “a cidadania” ‘condiçom de cidadao’ nom vota, votam “os cidadaos” ‘individuos concretos com o seu DNI’; “a militância” ‘atividade de militar’ nom trabalha, trabalham “os militantes”, ‘os que militam’. A circunstância de ser representante do povo nom autoriza a classe política, para intervir violentamente com axiomas nom refrendados polas pessoas com “auctoritas” (“A gaita é para o gaiteiro”). A categoria gramatical que marca o género, nalguns casos, som os determinantes (o presidente / a presidente), duplicar determinantes, substantivos, adjetivos... para manter a corência gramatical nom deixa de ser umha brincadeira. A terrível violência contra a mulher nom se combate com um simplesmorfema de género gramatical.
Um dos problemas do galego-português na Galiza é a evidente assimilaçom pacífica polo castelhano (a gente inocentemente pensa que fala galego, lembre-se o exemplo literário: “o monarca ia desnudo”, nom com vestimenta elegante), com a finalidade de ir conseguindo que morra como um paxarinho, umha forma de colonizaçom naturalizada e controlada para afastá-lo do português e integrá-lo na hispanofonia. Na Galiza predomina um feitiço permanente.
*Professora catedrática de Universidade
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