Na História Universal existem milhares de exemplos conhecidos de déspotas ou tiranos, que usurpam o poder soberano de um Estado e colocam a sua autoridade acima das leis e da justiça. Os déspotas caraterizam-se, em geral, polo seu paternalismo, por tomarem medidas para “o povo” (“todo para o povo, sem o povo”), dizem que com a finalidade de que seja mais feliz e viva melhor. Estes tiranos querem dominá-lo todo (gostam dos “Decretos”), som insaciáveis, mas todo quanto tocam poderia comparar-se com os efeitos recolhidos nas lendas sobre o cavalo de Átila: onde pisava nom deixava crescer a erva.

Face a estas opressons achamos na História exemplos memoráveis como o do “Iluminismo”, o movimento intelectual do século XVIII caraterizado pola centralidade da ciência e da racionalidade crítica, que recusava todas as formas de dogmatismo. “Iluministas” conhecidos fôrom: o “economista” John Locke (1632-1704) que rejeitou o sistema absolutista; os “filósofos” Voltaire (1694-1778), Rousseau (1712-1778) e nomeadamente Montesquieu (1689-1775), que distinguiu três poderes delimitados e separados: o Legislativo, o Executivo e o Judicial. Os seus pilares básicos nucleavam-se nestas tarefas primordiais: o labor educativo e legislativo, estabelecer a soberania popular, reconhecer a liberdade individual, a justiça para todas as classes sociais e a igualdade entre todos os indivíduos (“liberté, egalité, fraternité”). Na Galiza tivemos iluministas notáveis: o Cura de Fruime (1702-1777) que combateu as injustiças, nas suas obras buscava ensinar a ler; o Padre Jerónimo Feijó (166-1764), “o frade feminista”, rompeu a ideologia dominante com um tratado na defesa das mulheres; o Frade Sarmiento (1695-1772) preocupado pola educaçom, defensor da unidade lingüística galego-portuguesa.

Na atualidade, os traços distintivos do despotismo permanecem inalteráveis, mal muda o nome “povo” por “gente” ou “cidadania”; sente-se orgulhoso da sua política económica, educativa, sanitária... mas despreza ou ignora os problemas reais (“primum vivere”), porque o Poder vive magnífica e ostentosamente noutra galáxia. O seu pilar principal é dominá-lo todo, por esta razom estraga os âmbitos onde pom as suas maos: lamina disciplinas fundamentais como a História, a Filosofia, a Geografia, a Economia, as línguas (nom se estuda a gramática), a cultura, as “Humanidades”... Na Galiza vemos exemplos desde a segunda metade do século XX na língua e na cultura: nas décadas de 1970 e de 1980 renasce um despotismo lingüístico e cultural, representado pola desnorteada Real Academia Galega, o Instituto da Língua Galega ou o Conselho da Cultura Galega. Elaborárom umhas “Normas” impostas por Decreto 135/1983, de 17 de novembro, com absoluta fidelidade ao axioma “todo para o idioma galego, mas sem o galego”. Prevalece o princípio: “premiai-vos uns aos outros, como eu vos tenho premiado”.

*Professora Catedrática de Universidade