Os negacionistas da cultura, da história e da língua
Perante a recente exclusom de conteúdos de Língua e Literatura Galegas anteriores a 1980 do temário das provas de acesso à Universidade (ABAU) devemos qualificar este facto como umha felonia (umha traiçom, um procedimento cruel), embora seja por imperativo legal ou possivelmente pola escassa formaçom científica da classe política atual: um povo que nom tem raízes e nom conserva a memória histórica será derrubado polo vento, significaria a perda de identidade. Os promotores deste ideário ou propostas legislativas seriam uns negacionistas, possuidores de um espírito de negaçom ou ignorância sistemática de ideias passadas, referidas à cultura, à história e à língua, que se entrelaçam ao redor do tronco do tempo.
No que diz respeito à cultura alcançaria a forma ou etapa evolutiva, tradiçons, valores intelectuais, civilizaçom, atividades ligadas à criaçom e defesa das Humanidades ou ciências humanas. A história da língua nom é um esquema rigorosamente pré-estabelecido, nom é um problema algébrico, nom se pode partir do latim e chegar diretamente aos dias de hoje, porque a história da nossa língua é a história plena da evoluçom cultural do nosso povo. Nom se devem menoscabar as línguas pré-romanas esclarecedoras dos nomes de lugar e da situaçom da parte Norte de Portugal, a Galiza, as Astúrias e parte ocidental de Leom; os castros e os topónimos (Braga, Bragança, Tui), a presença dos ligures polo morfema -asco, relíquia pré-indoeuropeia, que demonstra o assentamento de línguas pré-célticas e céltica (Tarascom, Viascom), e ao povoamento dos celtas em topónimos com a terminaçom -obre (Fiobre, Ilhobre, Tiobre) e mais de trinta lugares todos situados na Galiza.
A presença dos povos germánicos desde o ano 409 conforme revela a documentaçom do elemento -iz em nomes de lugar (Alhariz, Gomariz, Guitiriz, Mondariz, Rairiz, Savariz, Tamariz...), concentrados na Galiza e Norte de Portugal, correspondentes ao reino suevo, que ocupou o Noroeste da Península Ibérica, vindo a ser um dos componentes básicos da ancestralidade de galegos e portugueses. Os nossos estudantes devem conhecer obrigatoriamente o prestígio do galego-português na Idade Média; a situaçom do português nos séculos XVI e XVII; as figuras galegas do século XVIII; os contributos gramaticais e literários na segunda metade do XIX e os vultos da renascença galega Rosalia, Curros, Pondal; a Geraçom Nós; os estudos filológicos, gramaticais e textos literários nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Etapas gloriosas polos movimentos reivindicativos da nossa cultura, história e língua e com pessoas notáveis da História da Galiza, hoje quase inexistentes, pois abunda a mediocridade.
Para evitar esta tragédia, os docentes devem introduzir referências aos Clássicos, à história plena da nossa língua, ao conhecimento da gramática e das Humanidades. Som chegados os tempos para que existam vozes críticas fora do sistema “mafioso”, para que acarretem umha lufada de ar fresco.
*Professora Catedrática de Universidade
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