As heroínas em ambos os romances de Eduardo Blanco Amor

Desde o 1 de dezembro de1979 até à atualidade o mês de dezembro está presente na cidade de Ourense por lembrar a vida e a obra do bom amigo, Eduardo Blanco Amor. Todos os dias do 1 de dezembro desde 1980, professores e estudantes do Instituto que hoje leva o seu nome, animados polo Professor Botana, estávamos no cemitério de Sam Francisco, na oferenda floral e recitado de poemas polos estudantes e palavras dos assistentes. Na década de 1980 (“Semana-Homenage a Blanco Amor”, com textos de Laxeiro, Díaz Pardo, Manolo Vidal e a voz de Rafael Alberti...), na década de1990 (“Simpósio Eduardo Blanco Amor” com estudos de Denis Conles, Joel R. Gómez, Higino Martins, César Morám e a autora deste artigo, e várias mesas-redondas, consulte-se a revista “Agália”, nº 33) e nos primeiros anos da década de 2000 lá permanecíamos entre outros muitos professores, estudantes do Instituto e amigos do escritor. A partir de 2004 será a Deputaçom Provincial de Ourense quem se responsabilizará deste ato ritual e da convocatória, organizaçom e patrocínio do “Prémio literário”, que permanece até o dia de hoje.

As heroínas das suas obras “A esmorga” e “Gente ao longe” som aquelas mulheres, identificadas com nomes ou alcunhas, capazes de suportar exemplarmente infortúnios e sofrimentos, pessoas notabilizadas pola sua coragem, tenacidade e magnanimidade, muitas das quais aquela sociedade ourensá qualificava de ‘mulheres da vida’, conhecedoras da vida real e autêntica em confronto com as ‘mulheres da morte’, as hipócritas, as fingidoiras, as das aparências, cuja tarefa mais específica consistia em murmurar. Ambos os romances som como cantos épico-narrativos femininos que permitem reconstruir a vida das pessoas reais ou de ficçom que moravam numha época e cidade determinada, nas primeiras décadas do século XX, ou evocadas polas vivências pessoais do Eduardo, que som agentes e vítimas a diário do seu existir.Em “A esmorga” umha personagem de mulher constitui o nó fundamental da tragédia, pois a mulher ia unida à folgança, porém é vítima e ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo da açom da tragédia: a Socorrito, da qual se riam ‘os senhoritos’. Vemos mulheres como A Raxada, pertencente ao setor mais humilde e marginal da populaçom, e ‘as churrianas’ (a Maria dos Acidentes; a Piolha; Lola, a Viguesa; a Nonó...) conhecedoras da vida real. Em “Gente ao longe” a senhora Andrea e a Evangelina som ativas protagonistas da realidade, vítimas da sociedade ourensá , que se rebelam contra os dous poderes básicos da sociedade patriarcal: a Justiça e a Igreja, vencidas polos conhecimentos adquiridos por ‘umha mulher da vida’, a senhora Andrea, e a líder do movimento obreiro, a Evangelina, militante das Juventudes Socialistas, duas heroínas situadas na esfera do positivo, conhecidas polas suas obras, nom polas boas razons ou pola verborreia.

*Professora Catedrática de Universidade

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