As Irmandades da Fala

As Irmandades da Fala (1916-1931) fôrom um poderoso movimento político nacionalista, integrado majoritariamente por homes, embora dele também figessem parte algumhas mulheres, procedentes das classes médias, com umha infreqüente brilhantez na História da Galiza. Os seus textos som umha clara mostra da filosofia racionalista e historicista das últimas décadas do século XIX e reflectem um discurso tardo-secular, justificado polas circunstâncias políticas, que se iniciaria na Europa com L. Hervás, e cujas formulaçons imediatas se devem aos alemáns Herder (1744-1801), defensor do postulado de que existe um laço entre a língua e o caráter nacional, e W. Von Humboldt (1767-1835), quem afirmaria mais tarde o vínculo existente entre língua e povo.

Tenhem como finalidade essencial o enobrecimento, a exaltaçom, a dignificaçom e o fomento do idioma, combinado com todo um projeto de regeneraçom do País. Som constituídas por um grupo de intelectuais pertencentes à burguesia, que, enquanto membros de umha comunidade lingüística, atuam sobre a língua, influem sobre a praxe lingüística, fam-no numha época determinada, e como herdeiros, ao tempo, de umha tradiçom. As suas reflexons nom se acham isoladas do conjunto de fatores que, nesse período, constituem e caraterizam umha situaçom cultural, social, intelectual, económica e política.

Estes intelectuais nom som nem gramáticos nem filólogos, entendem que a reabilitaçom da sua língua está no uso, preocupados pola “gramática” e pola “ortografia”, de preferência com grafia etimologizante. Buscam a “pureza” (com referência ao “bom uso” e logo à “perfeiçom”) e elevar a sua língua à categoria internacional e de cultura, promovem que a língua há que aprendê-la por “arte e livros” e nom apenas polo uso comum. Estas ideias irám acompanhadas pola defesa da unidade da língua histórica, falada na Galiza, Portugal e o Brasil, e mesmo a possibilidade à integraçom de Portugal.

Consideramos fundamental nom reduzir a sua relevância a um mero tema de sexo biológico dos seus representantes. É bem notória a relevância da mulher galega nos movimentos culturais e sociais, nomedamente após os contributos científicos excelentes da Professora Aurora Marco. Nom se devem silenciar conceitos e propostas muito importantes, sobre o uso da língua da Galiza na sociedade das primeiras décadas do século XX. Lembre-se que os investigadores sempre devem ter em conta três princípios básicos da Historiografia Lingüística: o da ‘Contextualizaçom Histórica’, o da ‘Imanência’ e o da ‘Adequaçom’. Expressado em provérbio vulgar: “Nom se podem pedir peras ao olmo”. Caso queiramos reivindicar as ideias de umha mulher do século XIX temos estes versos de Rosalia de Castro, defensora de umha cultura e sociedade: “Pobre Galiza, nom deves / chamar-te nunca espanhola / que Espanha de ti se olvida”.

*Professora Catedrática de Universidade

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