Fernández del Riego. Rodrigues Lapa e Carvalho Calero

Ninguém deveria silenciar os contributos na cultura da Galiza de Francisco Fernández del Riego. Elaboramos umhas reflexons sobre esta figura a quem vai ser dedicado o mal denominado “Dia das Letras Galegas”, decidir a pessoa que deve ser honrada sempre pode ser objeto de polémica, mas a partir dos princípios da Historiografia lingüística, devemos valorizar conjuntamente a sua obra na época em que viveu. Deve ser conhecida a sua grande amizade com Carvalho Calero, Paz Andrade, Rodrigues Lapa ou Guerra da Cal e que no prólogo do seu livro “Escritores de Portugal e do Brasil” (Ed. do Castro, 1984) assevera que som escritores da mesma área lingüística nossa e da nossa mesma fala, porém esta amizade pouco contribuiu a que aplicasse os princípios destes autores para as futuras normas do idioma galego.

A sua amizade fica patente na correspondência que mantivo com o filólogo português Manuel Rodrigues Lapa (1897-1989), recolhida no livro “Correspondência de Rodrigues Lapa” (Ed. Minerva, Coimbra, 1997). Há três cartas, a primeira datada em 12-XII-1985, onde o humanista galego informa sobre o estado de saúde da sua mulher, de ter recebido o livro de Miguel Torga (“com força narrativa), a promesa de enviar-lhe um exemplar da “Escolma da Poesia galega contemporánea” e incorpora comentários sobre o termo ‘chandaina’. A segunda foi enviada polo Professor Lapa em 5-XI-1964, fai referência a umha obra editada por Galaxia, que alcançou já a segunda ediçom, ‘um trabalho científico de consulta obrigatória, como ainda por ser uma obra escandalosa (!)’. A terceira também do filólogo português o dia 12-XI-1970 diz “não sabia que o Reitor compostelano fosse esse alarve que me saiu’, alude com clareza à funçom da Academia Galega, que representa polo menos ‘a recuperação da cultura galega’, e fai contributos sobre a elaboraçom de um texto para próximas atividades entre a Galiza e Portugal.

Especialmente singular para a autora deste texto, é a carta enviada o dia 26-VIII-1966 (pode ver-se em “Epistolario a Fernández del Riego” (Vigo, Galaxia 2006), que revela o interesse de Carvalho Calero por ir formando investigadores. O nosso Mestre anuncia que vai receber umha instância da sua aluna Carmen Enríquez Salido (sic!) em solicitude de umha bolsa, alega que se essa rapaza aparecer por aí, que a atenda, porque estudava a fala de Ogrove, e quicá a poda ajudar na identificaçom dos peixes, cujos nomes está recolhendo. Manifestava que o assunto já estava convido com Dom Antonio Fernández, que lhe enviassem a instância para o seu informe e que eles (a Fundación Fingoi) pagariam (e com efeito pagárom). Fernández del Riego nom tivo a gentileza de atender-nos, porém o trabalho foi defendido no paraninfo da Universidade de Santiago em outubro de 1971, e obtivo a máxima qualificaçom de ‘Sobresaliente com laude’.

*Professora Catedrática de Universidade

Suscríbete para seguir leyendo