A violência lingüística

Por violência entendemos qualquer ato ou efeito de empregar a força física ou intimidaçom contra alguém, e está associada à Humanidade desde os começos da História. Assim, polo Antigo Testamento sabemos que Caim investiu contra o seu irmao Abel e matou-no. No Novo Testamento relatam que Jesus de Nazaré usava o aramaico, umha língua semítica falada polos arameus da antiga Síria e da Mesopotâmia, e predicava amar os outros e compartilhar as necessidades do próximo, porém sofreu paixom e foi condenado porque diziam que se rebelava contra o Império romano. Deve ser conhecido o princípio geral do Direito refletido na máxima jurídica “vim vi repellere licet”, “é lícito repeler a força com a força”, interpretada com o sentido de que todas as leis e direitos permitem defender-se da violência com violênca, mesmo o artigo 51 da Carta das Naçons Unidas de 1945 exime de responsabilidade criminal quem obra em defesa da pessoa ou direitos próprios perante umha agressom ilegítima.

No que diz respeito à violência lingüística, numha importante obra clássica da Literatura universal, um dos protagonistas salienta que o grande Homero nom escreveu em latim porque era grego, nem Virgílio escreveu em grego porque era romano, em conseqüencia todos os grandes poetas antigos escrevêrom “na língua que mamárom no leite, e nom fôrom buscar as estrangeiras para declararem a alteza dos seus conceitos”. Além do mais, esta seria umha razom que deveria estender-se por todas as naçons e que nom se desestime os poetas por escreverem nas suas línguas genuínas e das suas famílias.

Existem muitas modalidades de violência, a violência por razom de sexo biológico, por razom de idade (infância ou pessoas idosas), por razons ideológicas, por razons lingüísticas, por razons de ideias políticas... No caso concreto da língua, o Poder sabe utilizar mecanismos muito engenhosos como conceder subsídios aplicando critérios pintorescos, potenciando factos e festas “regionais”, concedendo dinheiradas, favores ou medalhas até o extremo de criar grupos de pressom constituídos polos “amedalhados”, procedentes em muitos casos dos âmbitos da classe política ou cultural, utilizando constantes eufemismos para dissimular a sua hipocrisia. Compram todo com dinheiro (poderoso cavaleiro) e os cidadaos mal podem fugir do sistema.

O poder sabe que nengum povo ou coletivo num determinado território abandona nem a sua língua nem a sua cultura por vontade própria, a História demonstra que sempre é por imposiçom da violência com métodos subtis, por exemplo proclamando-se defensor dessa língua e cultura, negando o pam e a água, ou qualificando os dissidentes de loucos, extravagantes ou desarrazoados. Exemplos abundam na História da cultura e das civilizaçons, um caso notório é o que aconteceu e acontece na atualidade na Galiza, contodo nom é despropositado fazer um elogio desta loucura bem entendida dos idealistas.

*Professora Catedrática de Universidade

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