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María do Carmo Henríquez

Cunqueiro e a unidade lingüística galego-portuguesa

Polos dados que nos facilita o Professor Santalha esclarecemos certas ideias pouco conhecidas deste grande narrador, poeta, gastrónomo, jornalista, diretor do FARO DE VIGO, e muitas facetas mais, bem conhecidas na Galiza e na cultura universal. Dom Álvaro é famoso e notável polo seu ardente anelo de que a nossa língua viva durante “mil primaveras mais”. O que é menos sabido é que ligou reiteradamente essa esperança de sobrevivência do idioma com a ideia de reintegraçom galego-portuguesa. Entre 1961 e 1975, polo menos, pronunciou-se a favor da plena reintegraçom da Galiza no âmbito lusófono.

Em abril de 1961, na sua resposta a um inquérito organizado por Ângelo Fole desde o jornal “El Progreso”, afirmava: “El tema más urgente, la lengua. Es el nudo de la cuestión. La vida de la lengua, el gallego, hoy, ahora mismo […]. Y las posibilidades luso-brasileiras de la lengua […] Tenemos que ponernos en forma para um ‘parlamento total’ de la lengua gallega, para un pie de igualdad con los otros de nuestra misma matriz lingüística en Portugal y en el Brasil”.

Em 1969, na resposta a umha entrevista de Baltasar Porcel para a revista “Destino”, precisava as mesmas ideias, focando com nitidez o problema da nossa ortografia (“nosotros tenemos que ir, inevitablemente, con los portugueses y los brasileños hacia una unificación ortográfica”). No ano 1970, numha entrevista publicada no jornal “La Gaceta del Norte” manifestava: “[o idioma da Galiza] ‘uno de los idiomas futuros, que será hablado en el año 2000 por 200 millones de personas contando Portugal, Brasil y Galicia”.

No ano 1972, finalizadas as provas da cátedra de Lingüística e Literatura Galegas da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Santiago, considerava que a proposta para esse lugar académico de um dos grandes escritores e polígrafos galegos, Carvalho Calero, ia dar importantes frutos.Também reconhecia o fracasso do sistema escolar da Galiza, por basear-se num sistema fundamentalmente urbano. Salientava que num bom ensino e conhecimento do galego, os galegos teriam umha chave que lhes abria a porta do outro grande do mundo. Observava mesmo que só com um ensino metódico e geral do galego, poderia-se chegar, no seu dia a umha unificaçom ortográfica do galego com o português; o idioma galego era o tesouro da gente galega, e umha das possibilidades da riqueza e poder dos galegos. A Península Ibérica era rica “em falas”, em três ilustres idiomas românicos, e na fala dos bascos, que os séculos nom conseguírom eliminar da boca namorada do povo.

As ideias de Cunqueiro coincidem com as de Carvalho Calero (Veja-se, “O Professor Carvalho Calero nas páginas do FARO DE VIGO”, 6 de agosto de 2020, pág. 21). Neste artigo sintetizamos os temas desta atividade recolhidas neste jornal desde o 17-XI-1963 até o 20-VII1-1969. Se os ideólogos das “Normas” oficialistas tivessem trabalhado cientificamente e nom com preconceitos, a nossa língua poderia viver “mil primaveras mais”.

*Professora Catedrática de Universidade

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