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María do Carmo Henríquez

Amigos do Idioma Galego na Argentina

Após a guerra 1936-1939 fôrom milhares os galegos de naçom (nascimento, documentado no século XIV) exilados ou filhos de galegos, galegos de adoçom. Em Buenos Aires, seja pola herdança política, cultural e até pessoal de Castelao, seja pola força que tinha o movimento reintegracionista nesse país, “Os Amigos do Idioma Galego”, nascidos poucos anos antes de 1980, figérom um trabalho excecional. Prosseguírom com os cursos de galego ministrados por Blanco-Amor, organizárom com grande sucesso dous “Simpósios Internacionais da Língua Galego-Portuguesa”. Mencionamos algumhas figuras: Ricardo Flores (Sada), José Bieito Abraira (Meira) (galegos de naçom); Fiz Fernández, Antónia Luna, António Pérez Prado, Denis Conles ou Higino Martins Esteves (galegos de adoçom).

Denis Conles é o autor do estudo “Eduardo Blanco Amor: Literatura e emigraçom”, onde amplia muitas ideias pouco conhecidas da sua estadia em Buenos Aires; por isso Blanco Amor asseverou: “Eu tenho duas pátrias, umha real, natural e inesquecível (Galiza), e outra empírica íntima (Argentina)”.

O professor Higino Martins Esteves, lingüista e filólogo, faleceu no dia 20 de junho de 2021, em Buenos Aires, onde nascera em abril de 1940 de pais galegos, procedentes do concelho de Oia (Ponte-Vedra), e vivera quase toda a sua vida e tinha a sua morada. No ano 1947, com sete anos de idade, passou oito meses na Galiza, com a sua família de Oia, umha experiência que marcaria profundamente a sua vida de galego da diáspora.

A sua formaçom universitária foi em Filosofia e Letras e em Direito. Como professor em Letras (Filologia), foi titular das Cadeiras de História da Língua Castelhana, de Introduçom à Lingüística e de Filologia Românica, na “Universidad del Salvador”, de Buenos Aires. Desde 1977 lecionava gslego-português da Galiza em instituiçons galegas de Buenos Aires, e estudos sobre língua e cultura céltica desde 1994 no Instituto Argentino de Cultura Galega. Deixa um grande conjunto de publicaçons e artigos sobre temática preferentemente linguística. Foi um ativista da cultura galega em Buenos Aires. Entre os seus livros salientamos As Tribos Calaicas (Proto-história da Galiza à luz dos dados linguísticos) (2008), a Gramática do céltico antigo (2011) e o volume Etimologias obscuras ou esconsas ( 2015).

Concordamos com os postulados de Carlos Núñez e a defesa da música celta (FARO DE VIGO; 4 de julho 2021, ESTELA, pp. 6-7). Como analisou Higino Martins, a história, a arqueologia ou a toponímia estám cheias de dados das línguas celtas, umha cultura que perdura desde muito antes da chegada dos romanos, como fica reflectido nos petróglifos. É salientável que um galego de adoçom fosse capaz de elaborar essas magníficas obras sem ajudas da Junta da Galiza, instituiçom que concedeu mais de 135.254 euros (sic!) para que a Professora Rosario Álvarez (do Instituto da Lingua Galega) elaborasse umha “Gramática”; hoje depois de vinte anos, só podemos falar de “Libros secretos e gramáticas arreoladas” (Axeitos, FARO DE VIGO, 25 de junho de 2021, p. 25).

* Professora Catedrática de Universidade

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