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María do Carmo Henríquez

O dinheiro da hipocrisia

Membros de sociedades e institutos de caráter científico ou cultural (ensaístas, historiadores, poetas…) denunciárom a perda de falantes, o abandono do idioma galego e o fracasso da política lingüística e cultural na Galiza nas últimas décadas (1980-2020). O seu argumentário reside numha visom pacificadora, nom se posicionam sobre historicismo ou popularismo. Som pessoas do sistema, dissidentes inócuos que escrevem em “galego normativo” para ajudar à assimilaçom do País. Predicam a identidade com o português, mas nom a praticam. Fôrom cúmplices e eliminárom as elites consciencializadas. Galaxia sucumbiu, Ramón Piñeiro entregou-se em braços do Instituto da Língua Galega.

Essas elites caminhárom de maos dadas com o poder e quando havia possibilidades de mudar essa política, para conseguir galeguizar o País, estivérom caladas. Ignorárom e silenciárom as proclamas de Castelao (“o galego é um idioma extenso e útil), Carvalho Calero ( “o galego incorporaria-se ao sistema de que foi protótipo […] sem deixar de ser galego, conservando a fonética, a sua morfologia e o seu léxico peculiares”), Guerra da Cal (“aberrantes normas cujo evidente propósito é condenar o galego ao languidescimento como dialeto do espanhol”), Rodrigues Lapa (“há que restaurar o galego e obrigá-lo a ser o que já foi”, “estou dentro dos limites da velha Galécia, que chegava pelo Sul ao rio Mondego”), Sílvio Elia ( “quando alguém fala português nas suas variantes está a sentir que também está a falar galego”), Coseriu (“claro que esto no significa que el gallego sea portugués; significa más bien lo contrario: es el portugués, el que es gallego”).

As línguas sobrevivem por dous princípios básicos: identidade dos povos que as falam e utilidade

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As línguas sobrevivem por dous princípios básicos: identidade dos povos que as falam e utilidade. Os galegos nom a sentem como umha marca de identidade, devido ao modelo promovido polos poderes públicos (o dogma normativo), essa língua teria que ser galego e nom um híbrido de propostas ortográficas, gramaticais e lexicais com castelhanismos ou vulgarismos. Consciente ou inconscientemente o povo percebe que o padrom imposto nom é galego, e reconhece que este permite comunicar-nos com mais de douscentos milhons de pessoass, apesar de que o poder cultural o tenha tornado numha ferramenta inútil. Além do mais, nom é verdade que esse modelo de “galego normativo” favoreça o conhecimento do português, está demonstrado que é mais um estorvo que umha ajuda.

Agora que estamos na campanha das “Declaraçons de Rendimentos” (IRPF) haveria que analisar os objetivos dessas entidades, o malgasto, as irregularidades, o uso deficiente dos fundos públicos, controlar se estivérom ao serviço da Galiza ou ao serviço dos seus interesses (“Roma sempre paga muito bem os seus servidores”). Haveria que investigar em que esbanjarom milhares de milhons de euros destinados especificamente a esta nacionalidade histórica (língua própria, pre-história, antropologia, território, realidade sócio-económica, cultura, etc.), para exigir a correspondente responsabilidade, porque do orçamento destinam cada ano por volta de quinhentos milhons de euros à cultura, rádio e televisom, língua ou ensino.

* Professora Catedrática de Universidade

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