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María do Carmo Henríquez

A Matemática é Matemática e as Línguas som Línguas

Após o processo malévolo de esmagar, laminar ou levar ao desaparecimento as Humanidades, os novos cérebros do Ministério voltam ao derrubamento das disciplinas tradicionais do Bacharaleto histórico, porém o que parece mais insólito é que mesmo procedam a questionar a Matemática ou as línguas históricas.

No novo sistema educativo, especificamente na matéria de Matemática, aparecem “trapalhadas” deste teor: “Aprovechando de forma crítica la cultura digital e incluyendo el lenguaje matemático formal con ética y responsabilidad, para compartir y construir nuevos conocimientos”. Temos perguntado a Professores Catedráticos de Bacharelato e de Universidade e confessárom que nom compreendiam esse fragmento; o mesmo tem acontecido com professores competentes em Língua Espanhola. Desde a nossa mocidade lembramos matemáticos da Grécia Antiga (Pitágoras, Thales, Euclides, Arquímedes...) com teoremas ou princípios de utilidade até o dia de hoje. Na Matemática vemos números (nom aparece o género), raízes, símbolos, letras, fórmulas, etc. para comunicar as diferentes mensagens, por isso podemos falar de linguagem matemática. Além do mais, a Álgebra, a Teoria dos números, a Estatística, ou a Astronomia exigem um permanente razoamento, por isso há que potenciar no Bacharelato as diversas formas de pensar, praticar o razoamento dedutivo e indutivo, ambos necessários para construir umha estrutura. Em síntese, a Matemática só deve ser Matemática.

As línguas históricas possuem variedade interna, exigem razoamento, qualquer análise fonológica, sintática, morfológica ou semântica... é um permanente e constante razoar e pensar. Lembremos que na Gramática (“a arte de falar e escrever corretamente”, que diziam os clássicos greco-latinos) há género gramatical, número e caso (nalgumhas línguas), existem operaçons morfológicas simultáneas nos verbos parassintéticos (em-+pobre+-ecer, en-+rico+-ecer) que ajudam a formar palavras e a descifrar o significado das unidades lexicais. Porém, as línguas podem ser minorizadas polos poderes públicos, estragadas com o uso e abuso de anglicismos desnecessários ou barbarismos. Nom devem ser reduzidas genericamente a “comunicaçom” ou “novas tecnologias” (de certa utilidade para copiar ou plagiar). Aliás, os docentes de língua devem ter sempre umha base sólida e alta de competências e conhecimentos nas diversas disciplinas lingüísticas, que estudam estes sistemas de comunicaçom e de signos.

É urgente que no ensino secundário nom se potencie o infantilismo e que nom esteja submetido a um utilitarismo de via estreita. Há que promover o rigor científico e a sabedoria histórica, e cuidar a excelente formaçom. Interessa que os discentes recebam umha boa formaçom, que ajude a pensar criticamente e a questionar todo.

*Professora Catedrática de Universidade

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