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María do Carmo Henríquez

Traficantes das línguas

A palavra traficante deriva do verbo traficar, cujo significado ou sentido pode ser definido como “comerciar, especialmente de forma ilícita”. O termo língua apresenta muitos empregos específicos. Neste texto referimo-nos à língua comum, que nom se apresenta como um conjunto homogéneo, varia em funçom do propósito comunicativo ou do nível de conhecimentos dos destinatários. Além do mais, as línguas históricas, por definiçom, som entidades abstratas, gerais, quase imutáveis, só podem ver-se ou ouvir-se quando se falam ou escrevem; som um sistema de signos lingüísticos solidários, umha estrutura (numha comunidade).

Estes traficantes especulam com as línguas, fazem investimentos visando obter lucros excecionais (económicos, políticos, eleitorais...) acima do aceitável de acordo com as exigências de uns pactos de má fe; enganam os outros, aproveitando-se da necessidade alheia para obter vantagens pessoais ou tirar proveito. Parecem-se muito às camândulas, nom soltam as presas, som como “pescadinhas de rabo na boca”, criticam, ladram ou censuram mas som cúmplices da próprio sistema e como parasitas vivem del. Costumarm ignorar toda a história, a situaçom social, política, económica, a utilidade das línguas e as normas ortográficas, morfológicas e lexicais dos casos concretos que apresenta cada língua. Som incapazes de construir um discurso oral sem terem diante um documento escrito, que em muitos casos nem sabem ler. Ignoram ou querem ignorar que a situçom atual do galego ou galego-português na Galiza é absolutamente diferente à do euskara batua ou à do catalám. Manipulam a Lei fundamental e suprema em funçom dos seus interesses.

"Ignoram ou querem ignorar que a situçom atual do galego ou galego-português na Galiza é absolutamente diferente à do euskara batua ou à do catalám"

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Outros casos singulares seriam os papalvos (indivíduos crédulos), a gente que mimeticamente copia ou imita um determinado representante da classe política, polo simples feito de utilizar um léxico ou formas morfológicas que atentam contra a dignidade e a gramática das línguas; som evidentes quando falam espanhol e cansam o auditório com duplicidades morfológicas e concordâncias contrárias a qualquer língua que deve estar sustentada na economia da linguagem, correçom e dimensom deóntica.

Na história das línguas é evidente que o Poder político sabe muito bem escolher estes servidores: em geral, pertencem às elites culturais, literárias, filológicas ou políticas dos ‘indígenas’, porque assim nom verám as suas falácias e hipocrisia. Nom querem ou nom sabem que na Galiza o que se está a propagar polo Poder é o galego-castelhano (Carvalho Calero, dixit), um dialeto servil e vulgar, que serve para repartir esmolas, receber prémios, subsídios, honras e toda classe de méritos para acrescentar a sua vaidade (“vaidade de vaidades...).

O mais grave é que ninguém se responsabiliza por colaborar eficazmente na degradaçom num dos dialetos românicos ilustres da Península Ibérica, nascido há muitos séculos: galego-português, astur-leonês, castelhano, navarro-aragonés e catalám (Menéndez Pidal, Rafael Lapesa...).

*Professora Catedrática de Universidade

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