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María do Carmo Henríquez

A desnorteada Real Academia Galega atual

Polas notícias que nos proporciona o professor e Numerário da RAG, o Sr. Axeitos, conhecemos interessantes dados dessa instituiçom, que recebe fundos públicos. Há umhas semanas denunciava a falta de explicaçom dos 241.222,96 euros investidos do erário público, que formulavam inevitáveis interrogantes de natureza ética e moral (FARO DE VIGO, 25 de junho de 2021, p. 25). Há uns dias censurava os seus atuais dirigentes, “especialistas em efemérides e ignorantes do passado da instituiçom” e que a RAG nom terá futuro no edifício pouco funcional e limitado de Tabernas (FARO DE VIGO, 9 de julho de 2021, p. 22).

Estivemos esperando um desmentido da RAG, mas só existe o silêncio. Lembramos esta máxima: “Qui siluit cum loqui et debuit et potuit consentire videtur” [‘O que cala quando deveu e pudo falar parece consentir’]. Algum Tribunal da Galiza deveria exercer o control das instituiçons que recebem fundos públicos das Administraçons Públicas e a sua contabilidade: a transparência é fundamental, para que toda a sociedade saiba o destino que tenhem estas verbas dinerárias.

Porém, sendo isto necessário, consideramos fundamental conhecer em que medida a RAG está a cumprir as funçons e objetivos, para os quais foi fundada na primeira década do século XX. Murguia sublinhava no seu discurso fundacional: estudar o idioma que falamos há mais de dez séculos; quando era neno todos ao seu redor falavam galego; é a língua que falam e entendem perto de três milhons de galegos., dezaoito milhons de habitantes de Portugal e os seus domínios, doze no Brasil; por isso e para recolher na Galiza o seu verdadeiro léxico, dar a conhecer a sua gramática se fundou esta Academia.

Na sua história há momentos de esplendor (na década de 60 com Martínez Risco, Cunqueiro, Carvalho Calero, Jenaro Marinhas, Fernández del Riego, Otero Pedraio…). A decadência inicia-se por volta do ano 1980 com as demissons do Professor Carvalho Calero e no 1990 de Jenaro Marinhas, e consuma-se no ano 1982, quando sucumbe perante o Instituto da Língua Galega e busca a colaboraçom da Junta da Galiza para oficializar “umhas aberrantes normas”.

As proclamas dos académicos galeguistas e dos que se dizem nacionalistas galegos som falazes; a realidade é que o modelo que se impom nom deixa de ser um modelo dialetal que acarreta o desaparecimento do galego e impde a recuperaçom da língua mais genuína a partir da variante do tronco lingüístico galego-português. Vemos por parte de reconhecidos intelectuais da filologia galega muita teoria, mas na prática nom se distingue um texto escrito por conhecidos militantes do Bloque Nacionalista Galego (ainda conserva um claro castelhanismo na sua denominaçom) dos publicados por outras pessoas relacionadas com outros partidos políticos (a teoria sem prática, nom é nada).

Na atualidade, os nobres ideais e contributos de importantes figuras das Irmandades da Fala e de NÓS, “Galiza célula de universalidade”, deixárom de ser um objetivo fulcral, para se converterem em “Galiza célula da vulgaridade”.

* Professora Catedrática de Universidade

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