Opinión

Construir relatos para enganar

Conhecidos os dados do inquérito do Instituto Galego de Estatística, os partidos políticos representados no Parlamento da Galiza dizem que elaboram «relatos» para acabar com esta realidade dramática. Como indício apenas acrescentamos que quando preparávamos um estudo sobre o uso do galego em Ogrove, polos anos 1966-1970, no nosso livro publicado como Anexo 3 do «Anuário Galego de Filologia» (1974, págs. XII-XIV) asseverávamos ideias deste teor: dentro dos galego-falantes as pessoas de mais de 60 anos, todas falavam galego, os nenos e moços falavam galego nas suas moradas; o uso nom era igual nas duas freguesias, na de Sam Vicente falava-se mais galego; a forte emigraçom acarretava o emprego do castelhano ou mesmo frases em inglês (facto censurado nas «Comparsas» de carnaval no ano 1959); outros fatores de desgaleguizaçom eram a escola, o turismo e os meios de comunicaçom.

Umha parte da classe política galega dedica a maior do seu tempo a elaborar «relatos», o mais surpreendente é que emprega o verbo «normalizar» mas ninguém questiona: normalizar que galego? Parece nom ter as ideias claras como as tinha Castelao na sua obra Sempre em Galiza, quando escrevia «estamos fartos de saber que o galego é...»; é insólito que deputados do Parlamento da Galiza mencionem esta obra de Castelao, o Conselho da Galiza, mas nom apliquem a sua doutrina acorde com os princípios teóricos e práticos adequados com o século XXI, para que o galego seja na realidade umha língua da ciência, extensa e útil, teórica e praticamente.

Na nossa opiniom, é muito lamentável a escassa competência lingüística que demonstra ter a nossa classe política, necessita dispor de textos elaborados polos seus assessores (?). É urgente que conheçam toda a História da Galiza, a Sociolingüística, as disciplinas lingüísticas..., é positivo estudar os dialetos, mas deve conhecer a clássica distinçom entre as quatro províncias galegas, poderíamos falar dos dialetalismos nas grandes cidades ou nas vilas e localidades, porém comprovaríamos que somos riquíssimos em dialetos e pobríssimos num «idioma extenso e útil».

No nosso artigo (FARO DE VIGO,19-X-2024, pág. 21) enumerávamos algumhas atuaçons urgentes e desmentíamos que nom existissem «discórdias»; e no que diz respeito à «emergência lingüística» nom deixa de ser umha proclama ineficaz, como também o será a «rede de concelhos comprometidos com o galego». Lembre-se o postulado de Carvalho Calero: o galego só pode ser galego–castelhano, quer dizer «castrapo», ou galego-português. Se nom reorietarem as «Normas» todo o que se proponha será inútil, levamos mais de qüarenta anos perdendo o tempo e esbanjando dinheiro público.

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