Opinión
Recuperar, regenerar e definir o léxico galego
Prescindir do axioma de Carvalho Calero, no sentido de que a história da língua galega é umha «história clínica», constitui umha desconsideraçom culposa de umha realidade evidente para qualquer filólogo ou conhecedor das disciplinas básicas da Lingüística (diacrónica e sincrónica). O idioma da Galiza sobreviveu numha situaçom de doença, abandono e falta de trabalhos rigorosos para conservar o seu uso e ser útil para comunicar-nos com mais de douscentos e cinqüenta milhons de falantes. Esta circunstância foi umha das maiores hecatombes de umha língua românica, falada na faixa ocidental da Península Ibérica. Língua com muito prestígio na Idade Média, porém marginalizada na Galiza por volta do século XIV e nomeadamente a partir do XV, com escrivaos castelhanos ou de outros lugares desconhecedores deste dialeto românico.
Neste contexto, a nova ediçom recém-publicada do documento codificador «O Modelo Lexical Galego», elaborado pola Comissom Lingüística da Associaçom de Estudos Galegos, constitui um motivo de esperança para um futuro glorioso, pois das disciplinas dedicadas ao estudo das línguas históricas (fonética e fonologia, gramática, semântica e lexicologia) a dedicada ao léxico é das mais complexas, pois as unidades lexicais constituem um inventário aberto, ilimitado, em permanente movimento, e por esta causa os dicionários som «obras imperfeitas».
Esta obra de 300 páginas estrutura-se em vários blocos dedicados a definir o padrom lexical da Galiza (pp. 19- 268), e encerra-se com dous Apêndices e Bibliografia citada, salientáveis polo seu valor didático, e a sua utilidade para esclarecer dúvidas e dificuldades. Do corpo desta obra destacamos as novas entradas lexicais, quer no vocabulário de dialetalismos galegos, quer nos vocabulários intervarietais, o que aperfeiçoa a abordagem das configuraçons lexicais divergentes entre os padrons galego e lusitano (umha fraçom considerável dessas novas incorporaçons corresponde à designaçom de elementos da flora e da fauna da Galiza). Por acaso o Apêndice 2. «Designaçom em galego-português da Galiza dos Estados e de territórios parcialmente soberanos com os gentílicos, capitais e moedas correspondentes», seja um dos mais originais por ser infreqüente nas obras lexicográficas. Aparece a denominaçom comum do Estado/território, a denominaçom oficial, o gentílico e a unidade monetária até um total de douscentos e quarenta e sete Estados e territórios
Em conclusom, esta nova versom atualizada, de «O Modelo Lexical Galego» prestará um bom serviço a toda a pessoa interessada na norma e nos usos cultos de um galego plenamente regenerado, cujo padrom lexical, necessariamente, deve estar estreitamente coordenado com os padrons de Portugal e do Brasil, e ao mesmo tempo, apresentar legítimos e significativos particularismos vocabulares.
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