Opinión

Regenerar e degenerar

Estes verbos procedem do latim, e apresentam vários sentidos: «regenerar» ‘gerar novamente’, ‘restaurar’ e «degenerar» ‘transformar-se piorando’, ‘corromper-se’. Podem ter como referentes entidades físicas, concretas ou abstratas, e neste artigo será umha língua histórica. Na cultura greco-latina documentamos exemplos de gramáticos interessados por regenerar o latim falado como a obra “Appendix Probi”. Obras mais recentes podem achar-se nas Academias da Língua europeias: a RAE no século XVIII estabeleceu o princípio de «limpar, fixar e dar esplendor». Na Galiza infelizmente temos que situar-nos nas primeiras décadas do século XX com as proclamas de Murguia e outros nacionalistas históricos, interrompidas na década de 1930 e quase nom reiniciadas até as décadas de 1970 e 1980, porém com umhas “Normas” impostas por Decreto, concebido premeditada e aleivosamente para degenerar o idioma, corrompê-lo e convertê-lo numha língua de escassa utilidade.

Dos resultados do inquérito do Instituto Galego de Estatística, e na hipótese de que estes dados sejam válidos, lembramos apenas o resultado de algumhas cidades: (a) Santiago é onde mais se fala sempre em galego; (b) Ourense é onde se fala mais galego do que o castelhano; (c) Ponte-Vedra é na que se fala mais castelhano do que galego; (d) em Ferrol fala-se sempre em castelhano, seguida da Corunha e Vigo. Este resultado em Santiago poderia explicar-se talvez polo surgimento nas décadas de 1970 e 1980 de neofalantes procedentes da universidade consciencializados da sua identidade, defensores de que a normalizaçom devia estar presidida polo axioma de um galego correto, extenso e útil, acorde com a História e a tradiçom dos nossos clássicos.

O parecer do Conselheiro de Cultura, Língua e Juventude parece-nos despropositado: (a) nom é certo que a nossa sociedade seja cada vez mais dinámica e que nom ponha em perigo o verdadeiro emblema do que somos como povo; (b) os tópicos de amar ou mamar a língua nom se sustentam na atualidade; (c) as controvérsias partidárias e os discursos identitários som inerentes às línguas porque som fenómenos sociais, constituem um dos traços essenciais de um povo como naçom e nom devem ficar expostas à vontade dos cidadaos, liberdade sim mas liberdade também para o pagamento dos impostos; (d) as competências lingüísticas nom som tais, além do mais procede perguntar-se quê galego se fala?; (e) estabelecer promoçons desde os poderes públicos é umha falácia, os milhons destinados a potenciar o uso do galego esbanjárom-se; (f) atingir um grande acordo pola língua para restabelecer o consenso político deve ir precedido por um necessário debate sobre as “Normas” com associaçons, coletivos e entidades culturais.

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