Um mosaico da história da Galiza (1975-2020)

O livro que glossamos é o resultado de incrustar pequenas peças poliédricas e breves publicadas em jornais sobre um espaco em papel mais extenso (284 páginas), aglomeradas e fixadas polo autor, José-Ma. Monterroso Devesa, a partir da sua biografia e vivências na Galiza e na República Oriental do Uruguai. Um caso singular por ser possuidor de duas almas harmónicas, a galega e a uruguaiana, numha simbiose quase perfeita.

Esta obra, intitulada “As minhas teimas. As nossas teimas”, editada por Medulia, inclui um prólogo do escritor e procurador dos tribunais de justiça X. Valcárcel, que salienta os pequenos acontecimentos ou circunstâncias, muitas vezes inéditos sobre a Galiza e o galego, qualificados como teimas pessoais do autor, que também o som de muitas pessoas, e por este motivo transcendem a muitos coletivos, associaçons e pessoas comprometidas com a cultura, a história e a língua da Galiza.

Som muito diversas essas teimas de um observador da realidade e testemunha. Aparecem raízes galegas de gentes uruguaianas, os apelidos galego-portugueses, a recuperaçom democrática dos nomenclátores urbanos do País, simbologia e efemérides, “lusitanismo” e outras supostas ameaças, o galeguismo responsável, os discursos de quatro deputados galegos em Madrid (1931-33), os mal chamados lusistas, nomes das ruas, a Galiza no Uruguai, emigraçom, “Mártires de Carral”, o retorno de Castelao e Rianjo, “O Facho”, a resistência cultural, informaçons genealógicas, etc. Polas páginas vemos importantes figuras e personalidades da Galiza: Eduardo Pondal, Ramom Vilar Ponte, Manuel Murguia, Alexandre Bóveda, Ângelo Casal, Castelao, Paz-Andrade, Juana de Ibarbourou, Luís Seoane, Ricardo Flores, Jenaro Marinhas...

O autor respeita a ordem cronológica dos textos e nom os agrupa por temas, pois som transversais. Como respeita o fundo e a forma dos mesmos, podemos observar a evoluçom desde o galego escrito usado na Galiza na década de 1970, até a altura em que o nosso escritor chega à ortografia etimológica e à morfologia, à sintaxe e ao léxico plenamente regenerados, genuínos e legítimos da nossa variedade galega de um idioma internacional com presença e uso na Uniom Europeia, desde há várias décadas. Um facto que nom deve ser questionado hoje, à luz da abundante bibliografia: o galego e o português som a mesma língua, por este motivo nom deixa de ser umha falácia caraterística de pessoas mal informadas e, porventura, de má fe, aparecer agora com propostas que pretendem dissolver o galego no castelhano, tornando-o num idioma socialmente redundante.

Ilustraçons, fotografias e imagens (por exemplo: Castelao por Cebreiro, inédito [pág. 37], carta de 20 de fevereiro de 1981 de Teresa Rodríguez Castelao, em agradecimento pola lembrança do seu caro irmao Daniel [pág. 123])... enriquecem ainda mais o valor deste livro.

*Professora Catedrática de Universidade

Suscríbete para seguir leyendo

Tracking Pixel Contents