Observatório da lusofonia: a Lei Paz Andrade

Desde o século XVIII documentam-se manifestaçons proclamadoras da unidade da língua galego-portuguesa, mais sólidas no século XIX e fundamentadas cientificamente no século XX. Todas estas propostas das figuras mais relevantes da Galiza fôrom segadas pola ditadura franquista. Tímidas vozes surgem a partir de 1950, porém vai ser nas décadas de 1960 ou 1970, quando renascem com força polo trabalho de discípulos de Castelao como Paz-Andrade ou Carvalho Calero.

Ecos dum observatório existem desde há uns anos, porém é um observatório cego, nom vê nada, nunca fijo nada para regenerar e integrar o galego no âmbito lingüístico e cultural a que pertenece por história e tradiçom. Falar de “lusofonia” significa o reconhecimento da unidade da língua falada nos cinco continentes, e para conseguir este objetivo é imprescindível: (a) anular ou derrogar o “Decreto das Normas ortográficas e morfológicas do galego” (1982), concebido para afastar o galego do português até conseguir que em vez de ser galego-português seja galego-espanhol (vulgar); (b) na atualidade existem duas alternativas consistentes e possíveis, ou regenerar esse modelo depauperado ou subordinar-se ao português. Urge recuperar a ortografia histórica, aí está o “Acordo ortográfico da Língua Portuguesa”, onde estivo a Galiza como observadora. Urge recuperar o léxico, a morfologia e a sintaxe genuinamente galegas. Sem consenso e diálogo esse “Observatório” será um absoluto fracasso, como o foi até agora, para consensuar é imprescindível dialogar.

"Urge recuperar o léxico, a morfologia e a sintaxe genuinamente galegas"

Polas notícias conhecidas é patente a contradiçom sangrante e escandalosa: a Administraçom valoriza a consanguinidade do galego com o português mas ao mesmo tempo discrimina e marginaliza o reintegracionismo, e promove instituiçons contrárias à defesa da unidade lingüística galego-portuguesa. A operaçom tem que ser lingüístico-cultural, económica (agricultura e pesca), deve potenciar a alta velocidade (comboio Vigo-Porto), boas estradas e autoestradas entre a Galiza e Portugal, ter presente sempre o “Eixo Atlântico”; em síntese, deve existir umha cooperaçom supranacional. Se nom for assim, o resultado será um remexido de cousas hererogéneas, umha “capelinha para conseguir dinheiro” constituída por entidades e coletivos, que só buscam lucrar-se para nom fazerem nada (subsídios e mais subsídios, clientelismo). Por acaso o melhor desse observatório sejam os apelidos de umha pessoa que integrava advocacia, língua, cultura, jornalismo, poesia, política e economia num ambicioso projeto: “a Galiza como tarefa”.

Contodo, a Galiza tem que ter um estatuto singular entre todos esses territórios, o contrário significa banalizar a lusofonia; o reintegracionismo tem que ser a opçom mais válida, o núcleo fundamental. Para destruir a Galiza nom há nada melhor que dilui-la entre um conjunto de países e territórios que nom possuem as raízes nem a história desde muitos séculos do nosso País.

*Professora Catedrática de Universidade

Suscríbete para seguir leyendo