A Galiza, Portugal, o Brasil e os PALOP

Nestes dias estivo de atualidadade o Brasil, por duas circunstâncias muito diferentes: o falecimento do jogador de futebol, conhecido por “O Rei Pelé”, admirado como um deus, e a tomada de posse do novo Presidente Lula da Silva, líder do Partido dos Trabalhadores. No que diz respeito a Portugal, parece que todos os projetos que visam a conexom Vigo-Porto em 48 minutos (e Lisboa) ou os planos e projetos referentes ao denominado “Eixo Atlântico” estám paralisados possivelmente polas interferências do Governo espanhol e o escasso interesse do Governo português, quer dizer, “dois namorados que os pais nom deixam casar”. Sob a denominaçom PALOP aparecem os cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

Na Galiza nestas datas sempre se lembra o falecimento em Buenos Aires, em 7 de janeiro de 1950, de Afonso Castelao. É habitual que os partidos políticos quer os que nom se proclamam nacionalistas, quer os que se definem como “nacionalistas galegos” (com representaçom no Parlamento da Galiza, no Parlamento do Reino de Espanha e no Parlamento Europeu) lembrem a sua obra Sempre en Galiza e organizem o clássico rituário. O mais grave é que por ignorância ou por umha prudência mal entendida (os tempos parece que nom som chegados) ocultem ou silenciem as suas propostas sobre o galego, umha língua extensa e útil, filha do latim e pai do português.

Com a harmonizaçom das modalidades lingüísticas faladas nas duas beiras do rio Minho, ambos os países só obteriam vantagens. Este desleixo de partidos que se dizem “nacionalistas galegos”, devemos pensar que é por nom terem estudado com rigor científico todos os contributos dos filólogos mais ilustres da Galiza, de Portugal, do Brasil e mesmo da Filologia Românica europeia dos séculos XIX, XX e XXl, pois, caso contrário teríamos que deduzir que é por um esquecimento doloso. Causa umha sensaçom desagradável ler ou ouvir líderes desse partido utilizando as mesmas mensagens de há mais de quarenta anos, tópicos e mais tópicos (bla, bla, bla), sem a menor crítica do estado real, clínico e agónico em que está a língua, convertida numha variedade dialetal e vulgar do espanhol (“o galego torto”).

Umha vez aprovado o “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”, entrado em vigor em 1 de janeiro de 1994, e vigorizado em 2008, é obsceno pensar que o galego pode ficar reduzido a dizer “graças”, ou “gracinhas”, “adiante” ou a usar simplesmente o nome histórico do nosso país, “Galiza”. Com a implementaçom de todos os processos para unificar o idioma galego-português, todos os territórios citados no título constituiriam a terceira comunidade lingüística do mundo ocidental com o maior número de falantes. Deixemo-nos de lérias, de proclamas vácuas, de propostas merecedoras de escárnio, que suscitam o riso, vaiamos aos factos e nom perdamos o tempo com trapalhadas insignificantes, que nom enganam ninguém.

*Professora Catedrática de Universidade

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