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María do Carmo Henríquez

Soberba e enteléquia

Um dos sentimentos ou atitudes mais evidentes nas pessoas quando governam ou chegam a detentar o poder é a soberba, isto é, um comportamento excessivamente orgulhoso, muito próximo à tirania. Existem numerosas referências à soberba na Bíblia (no Antigo e no Novo Testamento). Está definida como o desejo ardente da própria excelência; era proibida e punida, filhas da soberba eram a pressunçom, a ambiçom e a vanglória. Exemplos de tiranos som evidentes na Grécia, pessoas que nom respeitavam as leis e concentravam o poder absoluto e geralmente unipessoal nelas e nas suas famílias. O conceito de tirano por oposiçom à liberdade está nas Partidas (século XIII), eram pessoas que buscavam o poder por qualquer meio ilegítimo, eram caraterizadas por difundirem a incultura e fomentarem a pobreza do povo. Estes supremacistas eram seres rapaces, arbitrários e injustos, autênticos déspotas, sátrapas ou ditadores. Exemplos literários podem ver-se na literatura espanhola do século XVII (Lope de Vega, Quevedo...).

A enteléquia costuma ir associada à soberba, seria um fundo processo de expressons de difícil compreensom, de unidades lexicais banalizadas, sem umha significaçom precisa, concreta, determinada polo uso consolidado na língua geral, pois o método preferente consiste em criar neologismos, ao serviço do Governo ou do Poder. Exemplos conhecidos poderiam ser a palavra “fascista”, nom designa os seguidores do ditador Mussolini, mas todas as pessoas que estám em desacordo com o Governo; outros qualificativos seriam “reacionário”, “machista”... sinônimos parciais da anterior unidade lexical. Criam modalidades de violência que é quase impossível determinar o referente designado por cada unidade lexical, pois ignoram que qualquer modificador unido a este substantivo restringe o seu significado. Um dos objetivos é criar a opacidade lingüística e mesmo a jurídica, com o que acrescentam a insegurança.

Outra prova evidente da enteléquia acha-se na tendência a promover compostos sintagmáticos desnecessários, e assim existem dúvidas no que diz respeito a quantas podem ser as classes de violência ou de família, somos tam ricos que progressamos adequadamente com constantes novidades, porém o mais grave é que nom se precisam os traços singularizadores que poderiam tipificar cada delito, porque legislam depressa sem terem estudado minuciosamente a legislaçom. Deputados exercendo a potestade legislativa parecem estar robotizados, o que fazem com mais evidência é insultar e mesmo as pessoas que dizem “a verdade, toda a verdade e mais nada do que a verdade” poderiam ser objeto de sançom.

"O método preferente consiste en crear neologismos, ao serviço do Governo ou do Poder"

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Todos os supremacistas som agressivos, nom sabem contra-argumentar, por isso praticam o insulto indiscriminado. Estas reflexons poderiam corresponder a qualquer País das maravilhas: quem tiver cérebro que pense e quem tiver olhos que veja!

*Professora Catedrática de Universidade

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