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María do Carmo Henríquez

Portugal, extensom natural da Galiza

A História oferece exemplos dos muitos galegos que fôrom a Portugal e dos seus descendentes portugueses ilustres: Luís de Camõens, Eça de Queirós, Fernando Pessoa. Desde as primeiras décadas do século XX figuras como Manuel Murguia (1833-1923), primeiro presidente da Academia Galega e fundamental no resssurgimento cultural do século XX, manifestou a pertença da Galiza à área lusófona. No discurso pronunciado nos Jogos florais realizados em Tui em 1891 aproveitou a imediatez do rio Minho para afirmar: “O primeiro o nosso idioma [...] o formoso e nobre idioma que do outro lado desse rio é língua oficial que serve a mais de vinte milhons de homens e tem umha literatura representada polos nomes gloriosos [...]”. Anos mais tarde formularia as mesmas ideias no ato de apresentaçom pública da Academia Galega em 30 de setembro de 1906, dizia: “O primeiro a nossa língua [...] que falam e entendem cerca de três milhons de galegos, dezaoito milhons de habitantes em Portugal [...]”.

Carvalho Calero no artigo “Discursos parlamentários” (1931-1933) (Letras galegas, 1984, págs. 77-84) recolhe ideias e propostas dos quatro deputados galegos e excelentes oradores (Castelao, Suárez Picalho, Vilar Ponte e Otero Pedraio). Entre outras proclamas: “Nom Espanha, mas o Estado espanhol, tem-se esquecido sempre de Nós” (Vilar Ponte), “é preciso dizer-vos que nom há mais que umha porta por onde Espanha poda comunicar com Portugal; essa porta é a Galiza, e os galegos temos a única chave dessa porta que é o idioma” (Castelao), “Galiza é umha prolongaçom de Portugal, ou Portugal é umha prolongaçom da Galiza: o mesmo dá” (Otero Pedraio).

Identificárom os setores fundamentais da nossa economia: pecuário, pesqueiro, agrário, problemas derivados das indústrias da construçom naval e das conservas de produtos marítimos e também o minifundismo. Ninguém que seja minimamente inteligente pode questionar a urgente necessidade de que seja prioritária a conexom por Vigo –Lisboa e nom a de Lisboa– Madrid, por terem estes dous povos mais relacionamentos económicos, sociais, lingüísticos e culturais do que outros territórios da Península Ibérica. Parece que o Governo de Portugal dispom já dos planos para umha conexom Vigo-Porto em 48 minutos, porém o Governo espanhol ainda nom tem definida a saída Sul. Além do mais, nom houvo umha reestruturaçom do minifundismo, a anexom à Uniom Europeia prejudicou os interesses da Galiza (pesqueiros e agrários), debilitou as possibilidades de umha economia produtiva. Provas evidentes temo-las hoje na Galiza, assim como os graves prejuízos sociais e económicos para as micro e medianas empresas.

*Professora catedrática de Universidade

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