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María do Carmo Henríquez

Esmagar a nossa História

A palavra história pode apresentar vários “sentidos”: conjunto de conhecimentos relativos ao passado da humanidade, e pode-se focalizar num território, numha época, numha ciência, num ramo de conhecimento, etc. Neste contributo o foco serám as línguas da Península Ibérica, nomeadamente a falada no Oeste. Se consultarmos os manuais universitários de Serafim da Silva Neto ou de Menéndez Pidal e Rafael Lapesa, achamos dados importantes sobre adstratos, substratos, superestratos que ajudam a compreender o emaranhado das evoluçons lingüísticas. A história das línguas explica a evoluçom cultural dos povos, pois que as línguas e instituiçons se entrelaçam ao redor do tronco do tempo. Por este motivo, um programa de História tem que ser esquemático, global, e cronológico. Porém, quanto mais sabemos do futuro sistema educativo, é manifesto que umha nova barbárie se está apoderando da mente dos nossos governantes, guiados por laminar a história das nossas nacionalidades históricas, com amplo predicamento entre os papalvos (“papanatas”) que reproduzem o discurso do Poder político.

Antes da chegada dos romanos havia várias línguas pre-célticas e célticas de origem pre-indoeuropeia e várias zonas lingüísticas principais, reconstruidas polos investigadores com o apoio de dados heterogénos e muito remotos: restos humanos e artísticos, instrumental, mitos, moedas, inscriçons, povos e tribos de diversa origem... Vestígios permanecem no vasconço (território nom romanizado), no galaico-português e no catalám. Estas línguas ocupavam um espaço geográfico mais extenso do que na atualidade (som os territórios históricos).

No que diz respeito ao Oeste da Península Ibérica, sabemos que houvo migraçons procedentes da Europa central, que começárom com o primeiro milénio da nossa era e que se sucedérom durante vários séculos. Existem três teorias: a pre-céltica, a protocéltica e a paracéltica. Os ligures deixárom restos das terminaçons –asco (Velasco, Tarascom, Viascom), ou –ice bem representado em Alhariz, Guitiriz, Mondariz, Sabariz; com a raiz *borm, *borb, *born (Borbém). Muitas localidades fundadas polos celtas tenhem o elemento -briga (Nemetobriga > Póvoa de Trives, Brigantium > Betanços). Outros nomes célticos som Clunia > Crunha. As tribos dos gróvios ou dos ártabros de onde procede a terminaçom –obre de Fiobre, Illobre, Tiobre e mais de quarenta povoaçons situadas na Galiza (Ogrove, Lestrove).

Hispania foi incorporada violentamente, conhecemos as luitas dos lusitanos e celtíberos. A romanizaçom (com a importante impronta da Hélade) proporcionou nomes da terminologia científica e quase todo o que representa o componente espiritual e material. Nom devemos silenciar os povos germánicos (nomeadamente o reino suevo sempre oculto), e as etapas mais ilustres da Galiza na Idade Média... Todo isto desaparece nos novos programas. Grave é que o Conselheiro de Cultura nom censure o esmagamento de etapas gloriosas e nom reivindique todos os componentes célticos, romanos, germánicos e medievais até a “doma da Galiza” e mesmo a mensagem dos Ilustrados do século XVIII.

*Professora Catedrática de Universidade

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