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María do Carmo Henríquez

O Escándalo do Léxico Galego

As pessoas jubiladas por imperativo legal, por fortuna, ainda podemos desfrutar de alegrias imateriais, que reconfortam o espírito, mas que a maioria da sociedade pode nom compreender. Umha destas alegrias mais recentes é o livro de alta divulgaçom “O Escándalo do Léxico Galego: Análise da sua Lastimosa Degradaçom Histórica e Denúncia da sua Dolosa Falta de Regeneraçom Atual”, de que é autor o Professor Titular da Universidade de Vigo Carlos Garrido, com umha sólida formaçom lingüística e lexicológica, e especialista em terminologia científico-técnica em quatro línguas (em 2019 véu a lume o seu “Dicionário de Zoologia e Sistemática dos Invertebrados: Português, Espanhol, Inglês, Alemão”, editado pola Universidade de São Paulo).

"Garrido alerta sobre os principais males que hoje afligem o sistema lexical galego"

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Neste livro, que consta de “Introduçom” (págs. 17-50), “Degradaçom e regeneraçom do léxico galego atual: escándalo e soluçons” (págs. 51-432), “Conclusons e perspetivas de regeneraçom lexical” (págs. 433-450), “Bibliografia” (págs. 451-464) e dous “Apêndices” (págs. 465-488), o Prof. Garrido alerta sobre os principais males que hoje afligem o sistema lexical galego e que prejudicam a personalidade e a funcionalidade da nossa língua, de modo a combater a disfuncional hibridaçom que hoje sofre o galego por causa da sua história clínica e da despropositada intervençom dos codificadores oficialistas, autorizados polo poder político. A este respeito, o livro inclui umha epígrafe muito eloqüente, em que Jens Lüdtke reconhece que um dicionário alemám-galego que utilizasse umha ortografia reintegracionista tornaria o léxico galego tam semelhante ao português que tal obra, apesar das pequenas diferenças existentes entre galego e lusitano (como as presentes no seio de todas as línguas históricas), se revelaria supérflua.

Nas 496 páginas de “O Escándalo do Léxico Galego”, Garrido descreve de forma rigorosa e compreensível para um público geral a degradaçom do léxico galego, que determina o seu presente estado de descaraterizaçom e de disfuncionalidade, e, como o autor afirma, tais elementos de análise deveriam ser ensinados em todas as escolas do país como estímulo e guia para umha plena regeneraçom lingüística e cultural. Os exemplos som muito abundantes e esclarecedores, partindo do interessante caso da designaçom dos ofídios (serpentes, cobras e cobras-capelo), e nom falta a reprovaçom do uso e abuso de arcaísmos, dialetalismos e outros diferencialismos empobrecedores, como “acadar” em vez de “alcançar”, “atopar” em vez de ”encontrar”, “mercar” em vez de “comprar” ou “adquirir”, etc.; também merecem crítica os castelhanismos substitutórios, como utilizar *“maiores” a modo de eufemismo para denotar os velhos, em vez do correto “idosos”, ou *“Galicia” em vez de “Galiza”, bem como os castelhanismos suplentes, como *“bloque”, em vez de “bloco”. É de lamentar, portanto, que mesmo partidos políticos que se proclamam nacionalistas nom usem as formas corretas. Parabenizamos o autor e a editora, as Edicións Laiovento, pola sua defesa dos direitos fundamentais e liberdades públicas.

*Professora Catedrática de Universidade

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