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María do Carmo Henríquez

Manuel Seco Reymundo (1928-2021)

Faleceu em Madrid em 16 de dezembro de 2021. Podemos apresentar a vida e a ingente obra deste sábio (“os poucos sábios que no mundo existírom”) num enunciado muito simples: lexicógrafo, metalexicógrafo, filólogo e lingüista por vocaçom, confessa ter roubado muito tempo à família. Os seus discípulos estám em universidades e na RAE, por exemplo, Pedro Álvarez de Miranda; coincidimos e conversamos com ambos no congresso “Nuevas aportaciones a la historiografía lingüística”, na Universidade de La Laguna, Tenerife, 22-25 de outubro de 2003. A sua trajectória profissional, inicia-se exercendo como “Catedrático de Instituto de Enseñanza Media”, como tantas outras personalidades relevantes e estudiosos da língua e da literatura espanhola.

A súa bibliografia é inabarcável, apenas lembramos três contributos: (a) “Estudios de lexicografía del español” (2ª ed. 2003), obra fundamental para conhecer problemas formais da definiçom lexicográfica, o método colegiado, os dicionários históricos, aprofundar no estudo do “Tesoro” de Sebastián de Covarrubias (1611), os dicionários da RAE, ou o do lexicógrafo galego, nascido em Verim, Ramón Joaquín Domínguez; (b) “Diccionario del español actual” (1999) e “Diccionario fraseológico documentado del español actual. Locuciones y modismos españoles” (2004)” com os seus eficazes e competentes colaboradores Olimpia Andrés e Gabino Ramos. Os artigos dos seus dicionários contenhem muita informaçom, seleccionam exemplos reais documentados, e som digníssimos herdeiros da tradiçom manifesta no “Diccionario de autoridades” da RAE (1726-1739), reduzido anos mais tarde por imperativo económico (1791).

Quando falamos de lexicografía nom podemos silenciar a obra de outra eminente figura, María Moliner, “Diccionario de uso del español” (1966-1967), silenciada e marginalizada como tantas outras mulheres; na dedicatória dize: “A mi marido y a nuestros hijos les dedico esta obra terminada en restitución de la atención que por ella les he robado”.

Salientáveis, da nossa óptica, som as ideias de Manuel Seco publicadas em entrevistas, proferidas em conferências ou recolhidas nas suas obras: (a) há casos nos quais a RAE se tem tomado umha autoridade discutida e discutível; (b) umhas normas nom devem recomendar-se sem consultar os próprios académicos; (c) os que escrevem nos jornais devem ter muito cuidado para expressar-se com precisom, devem ser mensageiros da língua e nom destroçá-la; (d) nos planos de estudo da língua espanhola nom se dá importância ao idioma, nom som bons por culpa dos programas oficiais do Ministério, dam “paus de cego”; (e) ensinar umha língua implica saber fonologia, morfologia, sintaxe, semântica, história da língua e ortografía (umha competência transversal); (f) as palavras podem ressuscitar, nom morrem, podem mudar de sentido ou ter novas aceçons; (g) o dicionário que nom se move está condenado à morte, som obras imperfeitas, quer dizer, nunca acabadas.

Descanse em Paz o lexicógrafo, o professor, o gramático, o filólogo, o académico, o bom e generoso Mestre de tantos discípulos, sempre atento a qualquer consulta, por muita complexa que for.

*Professora Catedrática de Universidade

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