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María do Carmo Henríquez

A costela galega de Eça de Queirós

José Maria Eça de Queiroz/Queirós nasce na Póvoa de Varzim (25.XI.1845), falece em Paris (16.VIII.1900), filho de um magistrado e de Carolina Augusta (um dos seus avôs foi um comerciante galego afincado em Valença do Minho, natural do Reino da Galiza), estudou Direito em Coimbra, é considerado como o melhor escritor português do século XIX. Ao igual que os excelsos Luís de Camões e Fernando Pessoa, e outros muitos antepassados, tivo ascendência galega.

Neste artigo reproduzimos como título o correspondente à obra ganhadora do XXV ediçom do Prémio Vicente Risco de Ciências Sociais, convocado pola Fundaçom com o nome do ilustre galego, os concelhos de Castro Caldelas e de Alhariz e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). O júri estivo integrado por membros da Universidade de Vigo, da UTAD, das Câmaras Municipais de Alhariz e de Castro Caldelas e da Fundaçom Vicente Risco. Narra umha história familiar de Eça de Queirós ao outro lado do rio e mostra a naturalidade com que antepassados passavam a esse Norte apenas de um outro norte, para ficar e fazer família maior.

“Quiroga mostra a naturalidade com que antepassados passavam a esse Norte apenas de um outro norte, para ficar e fazer família maior”

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O ganhador, o professor Carlos Quiroga da Universidade de Santiago, elabora um detalhado análise do tempo em que viveu o narrador português (págs. 13-47), incorpora exaustiva documentaçom sobre a ascendência galega de Eça (o seu bisavô materno era originário da paróquia de Santa Marinha de Areas, comarca de Tui). A seguir informa sobre o tempo e espaço do bisavô galego (págs 49-79) com interessantes dados sobre atividades desenvolvidas nos núcleos fronteiriços de Tui e Valença, legal e politicamente independentes de dous estados, que conformam desde 2012 o que se chama “Eurocidade”. Descreve as barcas de passagem, pois vender em Valença, por parte dos galegos, bens alimentares ou de primeira necessidade, junto com roupa e calçado podia atingir maiores lucros ao comércio. No capítulo dedicado à ascendência e perdurabilidade (págs. 81-91) especifica a ascendência galega, o facto de um rapaz de origem galega e proveniência seguramente rural, casa com umha moça portuguesa; a sua undécima filha será a avô do escritor.

De extraordinário interesse é o capítulo 15, “Perdurabilidade galega” (págs. 87-91), onde se constrói umha síntese da colaboraçom cultural e política, as ocorrências participativas em jornais e revistas de um e outro lado do Minho (Veja-se, Aurora Marco, Agália, 46, 1996, págs. 197-209) e outros muitos estudos (págs. 87-91). Inclui anexos (págs.93-152), bibliografía e fontes documentais (págs. 153-164) e índices (pág. 165). A obra foi primorosamente cuidada pola editora Dr.Alveiros.

Parabenizamos a Fundaçom que leva o nome do nacionalista galego, firme defensor da reintegraçom do galego no seu âmbito natural, as Câmaras Municipais e Universidades (nomeadamente a UTAD, simpatizada com a Galiza, como o provaria o facto de ter nomeado, em 2017, Alberto N. Feijoo “Doutor Honoris causa”).

*Professora Catedrática de Universidade

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