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María do Carmo Henríquez

Redentores das línguas

No artigo publicado (FARO DE VIGO, 8.XII.2021, pág. 20) asseverávamos que a situaçom do galego ou galego-português na Galiza era diferente à do catalám ou à do euscara. A respeito do conteúdo audiovisual nós, os galegos falantes e utentes do galego-português, já temos todo o material. Apenas teríamos que aproveitar inteligentemente e economicamente o existente no Brasil e em Portugal, abrindo as fronteiras mentais com focagem de língua genuína, extensa, útil e internacional, à vez de que bem galega (Murguia, Castelao, Carvalho Calero, Guerra da Cal, etc.).

Sem entrarmos no debate de se é melhor a legendagem do que a dobragem, podemos utilizar um material valioso de cinema, dos videojogos, da publicidade comercial já presente em muitos dos produtos vendidos na Galiza. Relativamente ao campo audiovisual, um dos mais potentes e chamativos no atual mercado de massas, existe um grande desconhecimento do mercado do cinema em língua portuguesa, nomeadamente do cinema português, mas também do cinema brasileiro. Mas, além dos produtos de origem, no campo da dobragem seria muito interessante nom malbaratar recursos com dobragens dialetais, vulgares e castelhanizantes e que só chegam tarde. No caso de Portugal, as grandes séries internacionais de sucesso, quer infantis, quer juvenis som dobradas para o português europeu e no Brasil para o português do Brasil. Se fosse preciso chegaria com fazermos pequenas adaptaçons, sempre muito mais económicas em dinheiro e, no entanto, mais produtivas social e linguisticamente.

“En Portugal, as grandes séries internacionais de sucesso, quer infantis, quer juvenis som dobradas para o português europeu”

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É claro que o ideal seria que de maneira oficialista se investisse nesse campo para chegar a parcerias com as grandes ditribuidoras e que estes títulos pudessem ser vistos na Galiza ou pudessem estar disponibilizados nas grandes plataformas de TV por “streaming”. No dia de hoje é bem fácil poder escolher o áudio ou a legendagem na nossa TV. Imaginem a última de Disney exibida neste Natal nos cinemas da Galiza com algumha das suas sessons em português do Brasil; imaginem a Netflix em que podamos escolher a versom portuguesa ou brasileira. Nom é fantasia, é só realidade; muitos galegos nom estamos pola extinçom, acreditamos numha língua genuína, extensa, útil, internacional, numha ferramenta valiosa em todos os campos.

Alternativas possíveis: (a) adoptar de maneiraa oficialista o reintegracionismo; (b) a Lei Paz Andrade deveria ter optado por esta alternativa em vez de potenciar um modelo dialetal, vulgar, microprovincianista que mesmo impede a aprendizagem do português (há proclamas, por exemplo, na Universidade de Vigo, “elaborar planos integrais focados ao espaço lusófono”); (c) a opçom reintegracionista nom a tenhem nem o catalám nem o euscara, por este motivo parece evidente que o projeto promovido polo Poder é a extinçom do galego de forma paulatina, com um processo de “cuidados paliativos”, para que os cidados apenas vejam o que se oculta nessas proclamas hipócritas, o seu farisaísmo, com réditos e lucros.

(*) Professora Catedrática de Uiversidade

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