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María do Carmo Henríquez

A geografia lingüística e as normas da língua da Galiza

No verao do ano 1965 iniciamos a recolha de material, pensando numha futura publicaçom sobre “A fala de Ogrove”. Da geografia lingüística tínhamos conhecimentos de manuais de Lingüística Românica, de estudo obrigatório na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Santiago. Lembrávamos os postulados de J-L. Guillieron (1854-1926), cujo método salientava a necessidade de registar a riqueza e variedade histórica das falas locais e colecionar materiais de todos os dialetos, para estabelecer a seguir estudos operativos entre as variedades de umha mesma língua. Postulava que o material devia ser recolhido mediante inquéritos diretos, de maneira objetiva de forma tal que se captasse a espontaneidade do informador; por isso buscou um colaborador que nom fosse lingüista nem dialetólogo de profissom, pois assim careceria dos preconceitos do homem da ciência. Os primeiros inquéritos para elaborar o “Atlas Lingüístico da Península Ibérica” constam de duas fases (1932- 1936 e 1947-1954). Na Galiza, na década de 1970 começam a realizar-se trabalhos sectoriais sobre as falas.

Os resultados parciais sobre as áreas lingüísticas do galego-português já se podiam ver em trabalhos de Lindley Cintra (1983). Distingue dentro dos dialetos galegos, o ”galego ocidental e o “galego oriental” e também os dialetos portugueses setentrionais (dialetos transmontanos e alto minhotos e os dialetos baixo minhotos). No mapa vemos o ocidente da Crunha, costa e sul de Ponte-vedra com umha prolongaçom que chega ao Sudeste ourensao e o oriente no leste das províncias de Lugo e Ourense, e as falas galegas do norte de Portugal, Astúrias, Leom e Samora.

Porém, junto com esta realidade dialetal nasce na Galiza um discurso dirigido nom a estabelecer estudos comparativos entre as variedades de umha mesma língua (“variedades diatópicas”), mas a escolher as unidades lexicais ou as características fonéticas e morfosintáticas, que poderiam marcar diferenças de umha mesma língua histórica, ilustre entre as românicas, falada a umha e outra beira do rio Minho.

Deste axioma arranca umha corrente “isolacionista”, promovida e subsidiada com fundos públicos (um “holding”), cujas ideias para a formalizaçom gráfica e construçom do galego “padrom” aparecerám recolhidas nas “Normas ortográficas e morfolóxicas do idioma galego” (1982). Este livro acarreta umha errada interpretaçom dos métodos e postulados da geografia lingüística e o início de um projeto malévolo para esfarelar o galego-português na Galiza.

Face a esta corrente, renasce a corrente “reintegracionista” para cumprir o velho ideal de escritores, gramáticos, Irmandades da Fala, Grupo NÓS, continuadora dos postulados do Professor Carvalho Calero. A pesar da marginalizaçom que o reinegracionismo tivo e está a padecer, tem esboçado diferentes experiências modestas, que som as únicas que podem oferecer umha oportunidade ao galego-português como língua de socializaçom na Galiza ligada a todo o mundo: “um futuro para o nosso pasado”.

*Professora Catedrática de Universidade

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