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María do Carmo Henríquez

Feijoo, Feijó, Feixó e Jordi Pujol

Um dos campos acaso mais complexos é difíceis das disciplinas lingüísticas é a onomástica, subdividida noutras duas grandes áreas: a que estuda os apelidos, nomes de família, sobre-nome ou alcunhas (‘antropónimos’) e a que estuda os nomes de lugares (‘topônimos’), que pode incluir o estudo etimológico e histórico e mesmo pode aparecer dividida novamente na parte dedicada aos nomes designativos de rios (‘potamónimos’) e nomes designativos de mares e oceanos (‘talassônimos’), com duas raízes gregas nas duas palavras (em posiçom inicial ou final, onoma- ‘nome’), documentadas em cultismos internacionais.

Na Galiza tenhem-se cometido autênticas aberraçons em ambas disciplinas. Apenas mencionamos no caso dos topônimos o exemplo da Póvoa do Caraminhal (Cf. Joán Guisán, Agália, 29, págs. 5-23). Este escritor menciona sectores do oficialismo, cinco mesmas pessoas que manejarom e manejam as intituiçons baixo o pseudónimo de ‘Comisión de Toponimia’; propujerom a irregularidade ou anormalidade Pobra do Caramiñal, nom há que demonstrar conhecimentos profundos da história da língua para poder formular a nossa opiniom. Na Galiza temos, entre outros topônimos, Póvoa de Trives e no Norte de Portugal Póvoa de Varzim.

No apartado dos epónimos, o apelido Feijoo (um nome surgido do mundo vegetal; no Rio de Janeiro temos provado a feijoada, um prato de cozinha preparado com feijão-preto cozido com carnes salgadas de porco e lingüiça, A, etc.) corresponde-se à forma originária de tantos hiatos grafado com dous oes; apresenta a sequência de duas vogais frequentes no galego-português medieval, que mantinha o hiato, que acabam fundindo-se no galego-português moderno. Os que grafam Feixó afastam-se da história e da etimologia e convidam a pensar que no galego o ‘jota’, umha letra genuinamente galega, nom integra o nosso alfabeto; um som que se define como ‘consoante fricativo palatoalveolar surdo’–desculpem o tecnicismo, por exemplo, Pina, prima do meu marido–.

Nom acabamos de dilucidar o motivo polo qual os cataláns e até nos meios de comunicaçom orais que usam o espanhol, nom tenhem dificuldades para pronunciar Jordi (e os Jordis), porém nom som capazes de pronunciar Feijoo ou Rajoi como o fazem para com outros nomes ou apelidos do francês ou do catalám.

Além do mais, se um escritor reivindicar que o seu primeiro apelido se escreva Carvalho, nom parece legítimo que a sua família herdeira dos seus bens materiais e culturais (proprietária dos direitos de autor), nom seja a primeira em cumprir e respeitar o seu legado e também as editoras ou autores que obtenhem um lucro económico.

Um dos galegos, que possivelmente mais tem estudado os apelidos galegos, dizia: ‘se bem somos produto da nossa educaçom individual, nom somos menos filhos da História milenária de cujo torrente inesgotável formamos parte’ (Monterroso Devesa, 1990, pág. 201). Um livro imprescindível é o da Comissom Lingüística da Associaçom de Estudos Galegos (AEG): ‘Prontuário de Apelidos Galegos’ (2019).

E finalizamos com umha pergunta: Acaso os galegos somos mais burrinhos, parvos ou menos inteligentes que os cataláns, franceses ou portugueses?

* Professora catedrática de Universidade

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