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Epistolário de Carvalho Calero e Otero Pedrayo

A minha colega Chan acaba de obsequiar-me com um livro promovido por várias estruturas sociais estabelecidas por lei ou consuetudinariamente (RAG, Junta de Galiza, Parlamento Galego…), em que se recolhe a compilaçom de epístolas destas duas grandes figuras da nossa cultura (datadas entre 1949-1975). O coordenador é Henrique Monteagudo e os editores som Patricia Arias, Nélida Cosme e Adrián Estévez.

O livro abre-se com um texto de Alberto N. Feijó (págs. 7-8), no qual para a nossa grata surpresa podemos comprovar que resulta ser a única pessoa que grafa correctamente o primeiro apelido do nosso inesquecível Professor; respeita e cumpre a sua vontade reiteradamente exposta (Vid., o nosso artigo, FARO DE VIGO, 7 de maio de 2020, pág. 18): “Dun xeito ou doutro, trátase dunha forma de darlle continuidade ao legado deixado polos pioneiros entre os que estivo Ricardo Carvalho Calero, extraordinario escritor e erudito” (pág. 8).

Estas palavras revelam um sintoma de inteligência e de respeito. Constituem umha prova palmária de umha visom aberta da consideraçom que sempre deve merecer a obra do nosso polígrafo. E além do mais, Dom Ricardo –que durante a sua vida trabalhou em duras condiçons e até foi condenado ao ostracismo por determinadas estruturas sociais– estaria feliz ao comprovar que nom há inconveniente em respeitar e cumprir as suas últimas vontades.

Os editores em notas a roda-pé facilitam notícias muito diversas que contribuem a saber mais dos dous vultos da nossa História: experiências íntimas e familiares, amizade e camaradagem, guerras encarnizadas polos amigos nom bons de Risco, que chegarom a ódios pessoais… Interessantes som as referências às obras de Fernán-Vello e Pillado-Mayor (1986) ou Carmen Blanco (1989), que ajudam a contextualizar temas motivos e circunstâncias vitais dos dous homenageados.

Sabemos também da sua experiência como professor no último curso da disciplina optativa de Filologia Românica, em que temos sido testemunha excepcional, das ‘Normas ortográficas’ (1970), da sua viagem a Buenos Aires convidado polo Centro Galego (cidade em que voltamos a estar em 1985 convidados polos ‘Amigos do Idioma Galego’ a proposta do ‘velho Abraira’). Emociona conhecer os muitos galegos distinguidos que acorrêrom na Rua de Medinaceli em Madrid (1972), quando aprovou a oposiçom que o converteu em Catedrático de Lingüística e Literatura, entre os quais estavam a sua fiel discípula Aurora Marco, Beiras ou Alonso Estravis (pág. 257).

O ano passado estivemos no Paço de Trás-Alva na apresentaçom da versom electrónica, porém pola nossa formaçom académica ou polo carinho que desde sempre tivemos polos livros, revistas, dicionários e jornais em papel, desfrutamos mais com esta modalidade que lesiona menos os nossos olhos e permite umha consulta rápida e reflexiva. É de justiça lembrar que a Fundaçom Otero Pedrayo e o Conselho da Cultura Galega tenhem colocado nas suas páginas web estas cartas ao dispor de todos os interesados e, ao tempo, facilitam a busca nos documentos de pessoas, obras ou entidades mencionadas (pág. 41).

* Professora Catedrática de Universidade

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