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A língua, o Corredor Atlântico, a diplomacia de proximidade e as palavras

O “Ano Carvalho Calero” afinal resultou ser um feto prematuramente expelido. Para múltiples colectivos “umha infámia”; para a Càmara Municipal de Ferrol o acto solene da RAG, “umha falta de sensibilidade”, por nom terem sido atendidas as múltiplas vozes da sociedade galega, que solicitavam prorrogar esta celebraçom até ao ano 2021.

As palavras de um dialectógo acrescentarom ainda mais o desprestígio da RAG, por aproveitar esta sessom para difamar o mais importante polígrafo do século XX e por nom ter em conta critérios básicos da Historiografia Lingüística (Contextualizaçom Histórica, as ideias lingüísticas produzidas num determinado período histórico; Imanência, a reconstruçom fidedigna, de todos os elementos que integram a obra; Adequaçom, nom se devem alterar ou modificar a essência dos textos e contextos). Além do mais, a RAG tem subsidiado o ILG com 230.000 euros, para elaborar umha gramática normativa e um dicionário de apelidos, pedido que nunca tem sido ultimado.

Na história da Galiza e Portugal os textos sobre a Galiza e Portugal som constantes. Rodrigues Lapa numha conferência o dia 18 de janeiro de 1971 dizia: “A Galiza é para nós, portugueses, a velha irmã esquecida [...] Portugal não pára nas margens do Minho [...] O mesmo se pode dizer da Galiza: que não acaba no Minho, mas se prolonga, suavemente, até às margens do Mondego”.

Fraga Iribarne, numha entrevista no Semanário EXPRESSO (Nº 1.226), sobre o ‘Eixo Atlântico’ afirmou que todos esses projectos se tornarám realidades vivas, porque sempre é “melhor trabalhar com vizinhos imediatos que falam basicamente a mesma língua”. O presidente Fraga seria um lusista insólito, na realidade “é inimigo fidagal declarado dos lusistas na Galiza” (Ernesto Guerra da Cal, Ferrol 19 de dezembro de 1911 – Lisboa 27 de julho de 1994, Agália, 38, págs. 189-192, 14 de junho de 1994).

Alberto, um antigo aluno nosso no curso de COU (1978-1979), quando recebeu o grau de Doutor Honoris Causa pola Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, no dia 14 de dezembro de 2017, fixo umha intervençom muito voltada para as potencialidades da euro-regiom e dos esforços que vêm sendo feitos para aproximar os dous territórios: “A Galiza e o Norte de Portugal partilham umha das fronteiras mais antigas da Europa, mas também umha das fronteiras mais fictícias”. Chegou a dizer: “Ser galego é ser português”, “este doutorado está relacionado com a minha missom de ser um dos muitos galegos que estendem pontes […] É umha honra assumir esta responsabilidade que levarei com humildade”.

As palavras nom se convertem em “obras” (Verba volant, opera manent). A proximidade e melhoras das comunicaçons entre a Galiza e o Norte de Portugal acabam de ser analisadas numha reuniom entre o ‘Bloque Nacionalista Galego’ (bloque é um castelhanismo) e o ‘Bloco de Esquerdas’ português. Ainda estamos a tempo de corrigir este modo de viver de costas viradas, pois “A Galiza e Portugal continuam a ser como dous namorados que os pais nom deixam casar”.

* Professora Catedrática de Universidade

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