Na história das línguas internacionais e de cultura mais próximas existírom várias possibilidades para " limpá-las, fixá-las e dar-lhes esplendor". Um dos sistemas mais utilizados consistiu em restaurar as formas mais genuínas e legítimas, documentadas nos textos escritos das épocas em que eram línguas "normais", de uso generalizado e com prestígio literário, mesmo na Idade Média.

A história do galego, como é bem conhecido até polos estudantes dos últimos cursos da ESO, é umha história "anormal", interrompida, dominada por outra língua muito próxima, que chega às Canárias e à América na última década do século XV, e que se impom nos territórios da Península Ibérica, excepto em Portugal. A partir deste momento (e inclusive muito antes), o galego como língua oral incorpora muitíssimos castelhanismos (abuelo, adiós, carretera, escuela, gallego, miércoles, justicia, ochenta...) até tal extremo que foi necessário, com a chegada da democracia, iniciar um trabalho laborioso para conseguir restaurar formas hoje admitidas como correctas.

Alegar por parte de um organismo, para defender e refrendar como legítima e cientificamente correcta umha variante com uso ao longo da história da língua oral, é um argumento sem base científica e que priva, automaticamente, de auctoritas os integrantes de dito organismo. A Academia Galega recebeu a auctoritas por Decreto e com a mesma facilidade que se outorgou essa auctoritas, com a mesma facilidade também se lhe pode retirar.

Na história da Galiza sobram argumentos filológicos, históricos, culturais, sociais e até políticos (lembremos apenas o Sempre en Galiza de Castelao, a Historia de Galiza de Otero Pedraio, o boletim d´As Irmandades da Fala, a Revista Nós...) para restaurar Galiza como única forma legítima, normativa e claramente diferenciada da castelhana Galicia.

Nom deixa de surprender que nuns momentos em que há problemas e conflitos na economia, na sanidade, nas estradas..., umha destacada dirigente do BNG ignore qual é o nome correcto na língua autóctone do País, aliás perfeitamente assente na história do galeguismo e do nacionalismo galego. Acaso é tam importante proibir e até proscrever a memória histórica deste País?

* Catedrática da Universidade de Vigo